Agora
Estamos pasmados e aterrados
Com o que vemos na cidade grande
Um chão estragado, uma pilha de livros
Abandonados
Há tantas estações.
O velho
Canta as coisas todas no seu cantar
Ninguém toca tambor
Ninguém dança.
No meio do povo, uma voz possante
Avisa que comida a mais faz
Corpo malcriado
As coisas nunca saem como planeado
Berrou ainda mais alto.
Mami tapa a cara com o xaile
Os sonhos na cabeça dela
Os medos à sua volta
É ali que vivem os famintos
Para morrer.
Se calhar um fenómeno
Da explosão demográfica
O ar está mais grosso
Há que respirar devagar
Uma coisa esquisita aconteceu
O menino morto voltou a viver.
É Kazumbi
Gritou a cidade toda
Numa só voz
Enquanto no mesmo dia
O Sol pôs-se sete vezes.
Ficámos todos como estátuas
A cidade a roubar-nos o espírito.
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