terça-feira, 14 de janeiro de 2014

PASMADOS DE KAZUMBI


 
 
Agora

Estamos pasmados e aterrados

Com o que vemos na cidade grande

Um chão estragado, uma pilha de livros

Abandonados

Há tantas estações.

 
O velho

Canta as coisas todas no seu cantar

Ninguém toca tambor

Ninguém dança.

 

No meio do povo, uma voz possante

Avisa que comida a mais faz

Corpo malcriado

As coisas nunca saem como planeado

Berrou ainda mais alto.

 

Mami tapa a cara com o xaile

Os sonhos na cabeça dela

Os medos à sua volta

É ali que vivem os famintos

Para morrer.

 

Se calhar um fenómeno

Da explosão demográfica

O ar está mais grosso

Há que respirar devagar

Uma coisa esquisita aconteceu

O menino morto voltou a viver.
 


É Kazumbi

Gritou a cidade toda

Numa só voz

Enquanto no mesmo dia

O Sol pôs-se sete vezes.

 

Ficámos todos como estátuas

A cidade a roubar-nos o espírito.

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