quarta-feira, 27 de abril de 2011

AS CRIANÇAS... PAI AUSENTE / PLANEAMENTO FAMILIAR



Angola enfrenta hoje um problema social grave que julgo assentar em grande parte na “comercialização” que mulheres e homens estabeleceram entre si. Invariavelmente a mulher tem por hábito logo no primeiro encontro, a colocação do pedido/pergunta: me paga um saldo, gasosa ou me dá um dinheiro se nos reportarmos às camadas mais débeis financeiramente. Claro que o discurso delas é diferente quando atingem níveis mais elevados, tornando se as exigências mais dispendiosas, mas o cerne da questão mantém se. Há relacionamento se houver pagamento. Este interesse mercantilista é claro que também vai ao encontro dos desejos de muitos homens que acabam por obter favores sexuais e desobrigarem se de qualquer responsabilidade/obrigação quando fruto deste relacionamento pode surgir a gravidez. Assim acabamos por encontrar jovens com 15 e 16 anos a carregar às costas bebés e do pai nem rasto. Estabeleceu se assim um ciclo vicioso em grande parte com a ajuda das insuficiências monetárias. Eles a sustentarem 2 e 3 mulheres ( o que é raro, o sustentarem, quero dizer ) pois como o país é grande bazam simplesmente ficando elas a “carregar” os filhos e como são jovens querem curtir a vida e a carne é fraca bazam também para a escola, discoteca ou outros indiscriminados prazeres e quem acaba por carregar verdadeiramente o fardo é a irmãzinha, a sobrinha que não se ocupa só da educação da criança como ainda tem que tratar da lide da casa. Gera este estado de coisas duas vítimas imediatas: A irmãzinha que é escravizada, com tempo escasso para a escola e as próprias crianças que crescem sem o amor e atenção dos progenitores.

Uma base social assim não consolida a célula familiar e as condições de subalimentação em que vivem grande número de crianças agrava se e potencia o enfraquecimento da afectividade. Junte se as condições de fraca habitabilidade, sem água, saneamento básico, luz eléctrica e os escassos recursos monetários, e temos o campo estabelecido para o desinteresse pela vida ( a vida não tem grande valor em Angola) a irresponsabilidade e o baixo contributo para o sistema produtivo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Países diferentes e histórias tão iguais!
Bjs.

Muadiê Maria disse...

Mães

Nem todas as mães
são santas,
nem todas as santas
são mães;
mas, de quedas, prantos
e sóis soluçantes
as colinas de mães sozinhas
fervilham neste instante.
Ó vós, que ainda tendes
dentro da noite o choro fino,
a febre e os miúdos braços
afirmando no escuro
vosso sangue e a aurora
que vos sucederão,
ainda é tempo de agarrar-vos
ao pequeno e vivo troféu
e, contra as raivosas manhãs,
esquentar o leite,
vestir os filhos
e não perder a esperança.

Alberto da Cunha Melo