terça-feira, 28 de dezembro de 2010

ASAS A CRESCER

Agora aqui chegada, em espaço e tempo, soluço coisas mal digeridas, a curvatura do tempo pesa me, o espaço está reduzido, sinto me como na posição fetal, apertada e dependente da tubular ligação, amnióticas causas, pensa se.
Quero abrir os olhos nas neblinas densas que cobrem as cidades, realizar o vai e vem formigueiro, pendurar me no mastro do qual não veja o topo e qual autómata, subir... subir por ali e incansável devo manter me. Vai ser permitido chorar de quando em vez, o ranger da dentadura também, mais o uso de um escarlate batom espalhado nos lábios pois convém não esquecer o fruto proibido, mandará o bom censo.
Ser mãe e filha sem o rímel das vidas, de cara lavada na água fria de uma nascente ali mesmo na rocha bruta, fendida pela insistente leveza da água, deixarei ela escorrer meu corpo até à perfeita comunhão. Se acaso a cria pedir o pão que não possuo disfarçarei em canções as angústias e fomes, negarei ao macho direitos e deveres para encetar então a prometida jornada da liberdade, sem recuos nem desvios verei as asas  crescer em mim.
Filhos de muita gente, de todos, surgirão novos seres mais ricos. Lilith sorrirá lá no seu canto vendo a educação-orientação desaparecendo.
Acrescentarei um volumoso escárnio sobre a SoBERANIA das posses, antes de entrar NUA na perfeita comunhão da água para sempre.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

… o erro antigo torna se verdade…


“os comilões cavam as sepulturas com os próprios dentes” Thomas Adams


Disfarçada de empregada de limpeza !?

Tás viciada nas limpezas ?

-Dou te emprego a tempo inteiro, para limpar minha alma
!
Possuo te então, em foto, tua pose. Capto até os -polens- que usas. Sob e neste jogo duplo, simultaneamente nutrido e sentido, durante um bilião de anos, na sopa lodosa do pré-biótico, constituimo nos, muitos monstros temporários, sim amámos também e promessas genéticas foram segredadas.

Nesta desordem termodinâmica, fulgurações de relâmpagos, neste –acaso- do encontro, nosso, um fenómeno espantoso, mostrava me o teu sorriso… tudo o que depois se passou amnésia me deu.

Sei que a alma não tem residência, quando esse demónio habita dentro do corpo, exactamente no órgão de que vos falarei, mais tarde… Previno vos que são assuntos obscuros. Atrevo me no entanto olhar te a íris, na espera dos líquidos seminais originados nestas ações. Ouvi dizer que o sémen da mulher é muito mais espesso… pois… não se pode saber tudo! As brechas antropológicas existem sim senhor, dizem muitos, mais os funerários ritos.

Um sistema evolui, o erro antigo torna se verdade e vice versas, um paradoxo ? o erro a enriquecer a informação ! uma nova ordem a nascer.

-Tás a ver? Por causa destas loucuras é que gosto de ter a minha mão na tua …

sábado, 11 de dezembro de 2010

UM CASO

Enfermaria isolamento-Homens ( Infecto contagiosas ) dez camas todas ocupadas


Sumbe 30/10/2010 16-17 horas/ Sexta Feira


TODOS ENTRAM SEM QUALQUER RESTRIÇÃO.

O médico responsável só volta Segunda Feira.

------------------Diálogo com a enfermeira responsável pelo sector------------



-Boa tarde senhora enfermeira.

-Boa tarde.

-Gostaria de saber a doença que o meu amigo Domingos Custódio tem?

-Não tenho conhecimento para lhe responder.

-Mas senhora enfermeira é suposto esta enfermaria ser de doentes infecto-contagiosos não è?

-Sim

-Como então entram todos, crianças e adultos, sem controlo. Enfermaria de isolamento deveria haver controlo. Estou a falar bem ou não?

-Está a falar bem e não está. Eu enfermeira também estou aqui e não faço profilaxia.



Saio sem saber o que tem o meu amigo e também se levo alojado algum vírus. Que certamente anda por ali…..

Dois dias depois Custódio morreu... coincidência DAS VIDAS?

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

FOGO LENTO


Da terra magra, não era ainda o mar, colunas sobiam às alturas, no aroma inesperado de mãos dadas com o espanto, cantaste nua.

Será por orgulho que já não desces, as escadas dos teus devaneios?

Haverá uma luz amassada penetrando te fendas frestas… nos lábios… lambendo as vertigens dos teus espelhos, cantando o sangue que escreves nos contornos da tua voluptuosa animal idade, mostrando que não é fácil mesmo quando o sexo ardente te penetra o todo e os teus uivos de prazer se diluem na imensidão do silêncio… do lado de cá, espero te sempre renovada.

Ver te despida nua e trémula, no bruto gozo das ilhargas em fricção, não gemias de memória. Por ti adentro carroceis desvairados possuem te… imagino te a curar me as feridas profundas da realidade das distâncias físicas, pingam em rio os nossos desejos nos corpos virtualmente entrelaçados, um choro prazer de gozo… depois um silêncio borbulhante vai nos acalmando num sem tempo, sem horas, somente dois redesfalecidos corpos suados…

Quando eu era menino e tu a flor desabrochando, nu contra nu, as cabeças cheias de estrelas, abracei a poeira que o teu pé levantou, dei te um abraço quente nos seios espetados, apontando futuros… uma inocência.

Adultos agora, no hoje, cilindramos espaços entre nós, cumprimos rituais de ausências, plasmados nas plataformas informáticas, atingimos os orgasmos autênticos se acreditares que já nos vimos , nos encontrámos… algures.

Cada um de nós guardará segredo.

Não somos amigos?